Esquistossomose ainda é ameaça na Bahia

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Resumo do post "Bahia pode ter surto de esquistossomose mansônica”. É o que alerta o doutor em Patologia Humana e Diretor da Fiocruz, Mitermayer Galvão, após ter feito pesquisas em várias cidades do estado. Ele aponta como agentes causadores da esquistossomose, a migração de populações do interior para a cidade, com a construção de moradias irregulares, sem saneamento adequado, e sem informações sobre a doença. Segundo o gerente técnico do Programa de Controle da Esquistossomose (PCE), Aécio Meireles, a Bahia responde, aproximadamente, a 80% dos números de casos ocorridos no Brasil, e de 128 municípios baianos, 38% são endêmicos da doença e tem transmissão disseminadora com frequência.

Resto do post Em Salvador, as maiorias das ocorrências acontecem nos subúrbios, onde, segundo estimativas de pesquisadores, 50% das pessoas estão contaminadas pela parasita Schistosoma mansoni, agente causador da enfermidade, também conhecida como barriga d’água. Apesar de já existir tratamento para a esquistossomose, ela ainda está presente na vida dos soteropolitanos. O resultado da pesquisa demonstra que a doença atinge principalmente os bairros do subúrbio da cidade, nos quais as construções irregulares e a falta de saneamento favorecem o surgimento da doença.

Segundo a coordenadora de Agravos da Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Isabel Xavier, os bairros da cidade onde as pessoas devem ter mais cuidado devido o número de incidências são Pernambués, Saramandaia e o Bairro da Paz. Este último, devido à existência de uma lagoa tem a maior transmissão da doença. Entretanto, os moradores de bairros mais nobres da cidade, nos quais o saneamento é melhor, também podem ser cometidos pela moléstia, pois quem frequenta fazendas ou casas de praias e tem contato com a água, seja por lazer ou para tomar banho, também pode ser infectado. Galvão afirmou que existem pessoas que tem a doença e nem sabe.

O doutor explica que a enfermidade vem se alastrando na cidade devido à migração de pessoas infectadas, do interior para as grandes metrópoles que crescem de forma desorganizada na periferia. “A população que vem da zona rural tem outro tipo de vivência. Muitos dos que chegam à cidade praticam os mesmos atos que faziam no interior, por exemplo, tomam banho nos rios e defecam em lugares próximos a água propiciando o ciclo do verme, que provoca a enfermidade”, relatou o professor.

A esquistossomose é uma doença endêmica, silenciosa, que, se não tratada, pode levar à morte. Sua transmissão é realizada a partir de ovos eliminados com as fezes do hospedeiro do verme. Quando atingem a água, os ovos liberam os miracídios que nadam por meio de cílios e encontram o caramujo de água doce que lhe serve como seu primeiro hospedeiro. É no interior desse molusco que o miracídio se desenvolve até a fase de cercária, que é capaz de penetrar a pele dos indivíduos, e neles se alojar, causando a doença. Segundo Galvão, “a doença aparece, em média, de dois a seis semanas após esse contato. Se o indivíduo não for tratado, permanecerá excretando ovos da parasita por muitos anos, constituindo-se também em importante fonte de transmissão em locais, com saneamento básico deficiente e despejo de dejetos sem tratamento nas coleções hídricas”, explicou.

Os males causados pela moléstia da parasita Schistosoma mansoni pode variar. Segundo o resultado do estudo, indivíduos que não residem em áreas endêmicas têm a possibilidade de desenvolver uma forma aguda toxêmica da doença cujos alguns dos primeiros sintomas seriam vermelhidão na pele, febre irregular, fadiga, mialgia, tosse não produtiva, dor de cabeça. Já as pessoas residentes nos locais endêmicos, foram observadas que na maioria das vezes, apresentam a forma crônica, tendo por primeiros sintomas intensa coceira e micropápulas avermelhadas, parecendo urticária, podendo depois aparecer febre, diarréia, dores musculares, ou de evolução prolongada e sem sintomas evidentes, a doença pode tornar-se grave, causando incapacitação quando órgãos como o intestino, o fígado, o baço, o pulmão, ou o sistema nervoso (pode causar paralisias) são afetados, chegando-se até o óbito.

Alertou Galvão que para estabilizar a doença é necessário realizar atos preventivos, “como a criação de saneamento básico em todos os bairros, rede de esgotos e de água, educação e informação dos indivíduos, tratamento dos criadouros e dos indivíduos infectados. O dono de uma chácara, por exemplo, quando for ao interior contratar alguém para tomar conta do seu imóvel deve levar a pessoa para realizar alguns exames, e, se constatada a doença deve ajudar no tratamento que é gratuito e depois instruir o individuo”. Meireles relatou que para tentar conter o avanço da esquistossomose no estado, os profissionais estão estudando o novo manual das macologias para iniciarem os trabalhos de buscativas e cuidados das pessoas infectadas, “por que se você não vai até a casa das pessoas para procurá-las, elas não tomam a iniciativa. Elas só vão ao médico quando está no estado avançado, pois no início tentam se curar com chás”. Em relação ao combate do caramujo – primeiro hospedeiro do miracídio-, a Sesab afirma que o animal é um grande problema, “pois além de ter uma reprodução rápida, há pessoas que só têm a opção dos rios para a sobrevivência”. Enquanto os agentes ainda não estão trabalhando na prevenção da enfermidade, Meireles alerta a população para evitar os rios nos horários de 11h até 16h, período em que o caramujo libera demasiado número de cercária por causa da temperatura.

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