Casa de farinha adere à modernidade

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Gisele Assis

Rodo de pau, faca sem ponta, forno, bolandeira (grande roda dentada movimentada por um animal) e prensa. Esses eram os materiais utilizados para a produção da farinha até pouco tempo. Atualmente, com a industrialização, as casas de farinhas estão trocando o trabalho braçal pelo maquinário. É o que acontece com a Casa de Farinha Comunitária do Povoado do Alto do Camelo, Cobí, Boa Vista e Adjacências.

O estabelecimento possui cinco máquinas, e está localizada na Boa Vista, município de Cachoeira. Foi fundada em 23 de março de 1997 e foi criada através da parceira entre a Instituição da Comunidade, Associação de Moradores e pequenos produtores do Alto do Camelo, Boa Vista e arredores. “Para construção da casa, foi repassada a verba pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, que é um òrgão do governo, e os moradores contribuíram com a mão de obra”, afirma o diretor da Associação dos Moradores, Manoel Lima Pereira, conhecido pela comunidade como Nequinha.

A modernização da casa de farinha, segundo os usuários da mesma, melhorou a produção do produto, pois, aumentou a quantidade produzida, ocorreu o aproveitamento de toda a mandioca e diminuiu o trabalho braçal. “A farinha pesa mais, vendemos mais, e com as máquinas aproveita-se tudo da mandioca, pois ela tritura tudo. Antes, com o trabalho braçal as gomas que eram formadas no processo de torrar a farinha eram jogadas para os animais, para as galinhas”, conta um dos usuários do local, João Oliveira, 49 anos.

Desde os 10 anos, João trabalha produzindo farinha e afirma que agora com as máquinas no ambiente de trabalho o seu lucro chega até R$100 por produção. “Antes, a farinha era produzida com o rodo, a mandioca era colocada no forno e a máquina triturava. O trabalho era braçal. Agora colocamos a mandioca na máquina, ligamos e ela trabalha”, fala Oliveira.

Para utilizar a casa, os moradores da região têm que acertar entre si o horário ou dia para poder trabalhar na mesma, sendo que a família que chegar e encontrar o local vazio pode realizar a sua produção. O espaço é utilizado gratuitamente e tem como únicas regras, a obrigação de quem usou limpar o local e de cada um quarto de farinha produzida, três litros ficarem para casa. Segundo Nequinha os litros “doados” são vendidos e o dinheiro é utilizado para manutenção das máquinas, que é realizada por ele e pelo filho.

Maria Domingues Pereira, 52 anos, mulher de João explica que a farinha produzida na casa é de quem produz e a pessoa tem a liberdade para comercializar com quem bem quiser. “Os sacos de farinha produzidos pelas famílias são de quem a produz. Levamos a produção para casa e vendemos para nossos clientes, a associação não vende por nós, cada um vende o seu, nós só usamos o local”.

 

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