Teste identifica leishmaniose visceral pelo odor do pêlo

Pesquisador baiano desenvolve novo método para reconhecer animais contaminados

A leishmanione visceral é uma doença que atinge cachorros, na maioria domésticos, e indivíduos de baixa imunidade, crianças e idosos que estão em contato com cães infectados, podendo até levá-los a morte. O doutor em química Frederico Medeiros, professor da Faculdade de Química da Universidade Federal da Bahia (Ufba) desenvolveu uma nova técnica para identificação da doença pelo odor do pêlo dos animais portadores. A pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), a UFBA e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O método consiste na análise de componentes químicos existentes no odor do pêlo do animal possibilitando, assim, saber se ele está infectado pelo vírus ou não. O teste foi desenvolvido na tese “Aplicação de Técnicas Multivariadas de Otimização para Análises de COV (Citomegalovirus) em pêlo canino por HS-SPME”, defendida por Medeiros em 2007. A intenção, segundo o pesquisador, era descobrir um novo diagnóstico para o vírus, já que o método da coleta do sangue, batizado como teste de Elisa, em homenagem a sua idealizadora, além de ser perigoso para os agentes públicos, é mais caro para o Governo.
A leishmaniose é uma doença transmitida pelo mosquito-palha (flebotomineo) que utiliza o odor do cão para se guiar e não tem cura para os animais infectados. O inseto contamina o canino e faz com que a doença se desenvolva no corpo do animal, que por fim vira um reservatório. O vírus pode ser transmitido por três vias: para o ser humano pelo cão, pelo flebotomineo ou por qualquer mosquito que tenha contato com o animal infectado.
As pessoas infectadas pela enfermidade ficam com o baço e o fígado maiores, têm febre e podem até morrer. As crianças abaixo de 10 anos, por brincarem com os cães, são as mais atingidas. É o que relata Leda Queiroz Jorge da Silva, sanitarista e integrante do grupo de trabalho da leishmaniose na Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) há um ano. Ela ainda afirma que, em 2007, foram registrados 15 óbitos por leishmaniose, sendo que 59% desses eram crianças.
Segundo a sanitarista, o quadro de infectados de janeiro até março de 2008 está estável (ocorrência de nove registros), em comparação ao mesmo período de 2007, quando já se haviam registrados 52 casos da doença e um óbito. O maior índice da enfermidade, segundo ela, está focado no Litoral Norte da Bahia.
Sacrifício - Medeiros relata que, para realizar os testes, foram necessárias visitas ao interior baiano, no litoral norte, onde há a maior ocorrência. Ele e o grupo de pesquisa pediram aos cidadãos e donos de caninos, autorização para fazerem o teste com seu animal de estimação.
O teste foi feito com a coleta de sangue e pêlo do animal que, posteriormente, era levado para o laboratório. A partir daí eram feitos testes, primeiro do modo tradicional, realizando um exame de DNA e, depois, com a amostra do pêlo. “Fazíamos comparações dos compostos químicos e, por fim, analisávamos os resultados dos exames do pêlo com o resultado do teste de DNA e com os da biblioteca NIST” explica o pesquisador. A NIST, Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, é uma empresa que realiza uma ampla variedade de pesquisas em ciências físicas e engenharia e seus The labs respond to industry needs for measurement methods, tools, data, and technology.laboratórios respondem às necessidades de métodos de medição, ferramentas, dados e tecnologia. NIST researchers collaborate with colleagues in industry, academic institutions, and other government agencies.
Já existem vacinas para evitar esta infecção no animal e auxiliar na prevenção da Leishmaniose Visceral Canina (Calazar Canino)., Cães a partir de quatro meses de idade, saudáveis e soronegativos para a doença também podem ser imunizados, já para os animais soropositivos a única solução existente é o sacrifício. Os testes só estão disponíveis na Ufba, já que ainda estão sendo realizados os trâmites para patente, razão pela qual eles ainda não estão disponíveis para comunidade.