101 anos de Dona Canô é celebrado com livro de receitas

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Completando 101 anos, no dia 13 de setembro, a matriarca de Santo Amaro da Purificação, Claudionor Viana Telles Velloso, dona Canô, é homenageada com o livro O Sal é um Dom – Receitas de Mãe Canô, de autoria da escritora Mabel Velloso, uma de suas filhas. A publicação que reune receitas tradicionais da família e da cidade, está com o lançamento previsto para o dia 30 de setembro, em Salvador, no Restaurante Amado, localizado na Avenida Lafayete Coutinho, Comércio, das 18 às 21h.
A matriarca gosta de fiscalizar o trabalho da sua cozinheira de perto e, às vezes, chega a cozinhar no lugar dela. Faz questão de no dia da feira de hortifruti, aos sábados, acordar cedo e ir às compras com sua ajudante.
História - Dona Canô ganhou este apelido na infância, graças a um menino que não conseguia pronunciar o seu nome de batismo, Claudionor. Nasceu em 16 de setembro de 1907, e só veio conhece
r o seu pai pouco antes dele morrer. Namoradeira, desde cedo freqüentava "bailes pastoris" e "reisados" que aconteciam nas usinas de Doutor Batista e Dona Sinhazinha em Santo Amaro. Atualmente tem o seu próprio reisado que é comemorado na tradicional cidade do recôncavo baiano, surgido como uma homenagem surpresa dos filhos Veloso, liderados por Rodrigo, e que sempre acontece no aniversário de casamento dos pais, Canô e Zeca, no dia 7 de janeiro.
Os herdeiros da família Veloso têm em sua bagagem uma herança musical que surgiu com Canô que cantava nas Capelas de Capanema e Passagem. Além de cantar ela aprendeu a costurar, tocar piano e a falar francês.
Na sua adolescência apaixonou-se por um funcionário dos Correios e Telégrafos, José Telles Velloso, com quem em um ano e meio estava de matrimônio marcado. Após morar na casa dos pais dele com mais 24 pessoas, o casal se mudou para uma casa branca e azul, depois que o marido Zeca ganhou na Loteria Federal. Hoje, a residência, localizada na avenida Ferreira Bandeira, número 179, tem nove quartos embaixo e dois salões em cima. Canô já reside no local há mais de 60 anos e nem com o sucesso dos filhos, Caetano Veloso e Maria Bethânia, a fez mudar-se de lá. Seu neto Jota Veloso também é compositor e cantor.
Rotina – Dona Canô acorda cedo, por volta da 6h da manhã, toma café com leite e suco. Meio-dia é o único horário em que se alimenta de algo sólido, e é neste momento que ela come de tudo um pouco. Implementa o seu cardápio com iguarias local, recheado de frutos do mar e moquecas, não faltam azeite de dendê, leite de coco e o que mais fizer parte do tempero. A partir das 15h Canô não atende mais ninguém, pois é o horário do seu sono.
Religiosa diz que a fragilidade do corpo miúdo esconde uma força que vem da fé. Sinais de sua devoção estão por toda parte em sua casa. Ela assiste à missa na TV todos os dias e uma vez por semana, normalmente aos domingo pela manhã, vai até a Igreja da Purificação.
Ela assume que gosta de comemorar todos os santos. Na véspera de São João ela não abre mão da fogueira na porta, casa arrumada e todas as delícias culinárias dos festejos juninos. Ela celebra também São Pedro, faz o caruru de São Cosme e São Damião, a trezena de Santo Antônio, passa Natal e Ano Novo na casa de praia, em Cabuçu, a 29 quilômetros de Santo Amaro. Em fevereiro ela é uma das principais integrantes da tradicional lavagem da escadaria da Igreja Nossa Senhora da Purificação. Aliás, por causa dela essa comemoração entrou para o calendário oficial do estado.

Gisele Assis
* Foto da internet

 

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