Curso Pré-vestibular para afrodescendentes

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Um grupo de jovens, negros, após conseguir ingressar na universidade constatou que naquele espaço o número de afrodescendentes era quase nulo. Por isso, eles resolveram criar um curso que poderia ajudar aos amigos, conhecidos e vizinhos da mesma etnia a também entrarem naquele espaço. A experiência foi positiva e eles se conscientizaram da necessidade de dar mais organicidade à iniciativa. Assim começou o projeto Pré - Vestibular Steve Biko.O Pré-vestibular Steve Biko trata-se de um curso preparatório para o vestibular, voltado para possibilitar o ingresso de negros e negras nas universidades públicas. “O curso já possibilitou o ingresso de mais de 800 pessoas nas universidades e estimula a criação de cursinhos pré-vestibulares para afro descendentes em todo Brasil”, afirma a diretora pedagógica do curso, Jucy Silva, 40 anos.
O curso, além de oferecer todas as disciplinas exigidas nos exames de vestibulares, oferece aulas para a formação política, ministrada pela disciplina CCN (Cidadania e Consciência Negra), a qual têm em seu conteúdo programático um diferencial: o ensino da ancestralidade negra e a ampliação do conceito de cidadania.
As aulas acontecem no colégio ICEIA, localizado no Barbalho, das 19h às 22h30. Segundo os alunos, os professores são excelentes profissionais e, além de fazerem questionamentos para auxiliar o aprendizado, realizam simulados para o vestibular.
A aluna, Karla Crislaine Santana Lisboa, 17 anos, relata que com as aulas da disciplina CCN o seu modo de pensar e agir mudaram, pois, agora ela tem argumentos para se defender contra o racismo. “Na escola onde estudo, Landulfo Alves, no Jequitaia, uma colega tinha aquelas brincadeiras em que eram percebidas doses de racismo, então eu, de modo educado, falei com ela sobre as conseqüências que aquela história poderia dar e ela se conscientizou”, afirma a aluna. Além de aprender como se defender contra o racismo, Karla diz que sua auto-estima se elevou e ela agora sente que está preparada para enfrentar um processo seletivo.
Caio Costa Cavalcante, 19 anos, participa das aulas no curso pela segunda vez e este ano já se inscreveu para realizar as provas da UFBA e da UNEB. Segundo Caio, a Biko tem um acordo com a UFBA e a UNEB, onde os novos alunos podem realizar a inscrição no processo seletivo gratuitamente. Para os que não conseguem a isenção, a instituição promove uma rifa e com o dinheiro que conseguem paga a taxa de inscrição dos alunos. “A Biko para mim é um curso pré-vestibular diferente, é um CCN com pré-vestibular” diz Caio Costa.
O projeto, que foi criado em 1992, recebe apoio de alguns órgãos federais como o Ministério da Educação - MEC. Para ingressar no curso pré-vestibular é preciso ser afrodescendente oriundo de escola pública e de baixa renda.

O Instituto Cultural Steve Biko - O Instituto Cultural Steve Biko, fundado em 31 de julho de 1992, é uma entidade sem fins lucrativos que conta com a ajuda do MEC – Secretaria de Diversidade, Ministério do Trabalho, Fundação Kellogg e simpatizantes. O órgão oferece vários projetos, através da educação, para promover transformações sociais, a ascensão social da população negra e o resgate dos valores ancestrais.
Entre as ações realizadas pelo órgão estão à criação do Primeiro Pré-vestibular para Estudantes Negros, o Programa de Democratização de Ciência e Tecnologia, o Programa de Formação de Jovens Lideranças e o Projeto de Formação de Jovens em Direitos Humanos e Anti-Racismo, que têm como objetivo a promoção da juventude na luta contra o racismo. "O INSTITUTO Cultural Steve Biko pretende criar uma instituição de nível superior com jovens negros", explica o gestor administrativo, Michel Chagas. Apesar do plano de ascensão do Instituto, pelos coordenadores, a ONG tem dificuldades para garantir a sua sustentabilidade, pois, segundo Michel, os apoios recebidos são direcionados aos projetos.

Os projetos - O nome do òrgão é uma homenagem ao líder negro sul-africano Bantu Stephen Biko, um idealizador do movimento de Consciência Negra. O Projeto de Formação de Jovens em Direitos Humanos e Anti-Racismo foi iniciado em 2001. A primeira etapa do projeto, na temática dos direitos humanos e do anti-racismo, formou 45 jovens. A segunda etapa, iniciada em fevereiro de 2003 formou 85, que realizaram atividades de formação básica, formação intermediária e formação avançada.
A Steve Biko realiza, também, os projetos Ação e Reação, que tem como objetivo despertar o senso crítico e sócio-racial dos alunos afrodescendentes das escolas públicas de Salvador; Grupo Odoyá – Projeto Afro – Educação, que tem o propósito de aumentar o número de jovens negros com informações e acessos a debates sobre Direitos Humanos e Anti-Racismo; Inform-ação, que tem como intuito ampliar a perspectiva do debate sobre políticas de ações afirmativas; Grupo Eu Negro – Projeto A Juventude e a Cor de sua Pele, cuja meta é sensibilizar jovens e escolas públicas para que compreendam a história do negro na sociedade brasileira e o Programa Comunidade Negra em Alerta, cujo objetivo é conscientizar a população de Fazenda de Coutos sobre seus direitos e as formas de denunciar quando esses são violados.

Serviços - Os interessados em fazer a inscrição devem se dirigir à sede do Instituto, localizado na Rua do Paço, nº 04, Largo do Carmo, Pelourinho, no mês de janeiro, com a documentação, ou entrar em contato telefone 3241-8708.

 

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